Lembrar do que findou

Quando só resta o silêncio e barulhinho dos passos pela casa

Os pensamentos borbulham numa velocidade agoniante

Embaraçam os sentidos parecendo com as fitas cassetes destruídas num impulso natural de raiva ou, quem sabe, de decepção.

A memória também traiçoeira trás de volta as lembranças de um passado bom e também do corte que não cura e nem diminui de tamanho.

Mesmo com toda dor e todo desconforto que sempre surge durante o dia

E que comprime a garganta quando a sua própria presença o assegura

Insistimos em tentar viver e reviver e sobreviver

É nesse instante que passamos a pensar no que nos seria com a inexistência desse sentimento

E nos deparamos com a consciência breve de um tempo que não voltará e que nunca o recuperaremos.

Nos deparamos presos a um passado de um futuro não vivido

Nem com planos escritos e acordados

Nem mais com o zelo e o deleite de presenciar a liquidação de uma saudade semanal.

É com uma leve dor que se recorda de tudo

E é com dor que se engole o choro e não se permite mais entristecer

Ainda que nada esteja resolvido ou esclarecido como um fim decente.

Viana Viana
Enviado por Viana Viana em 16/12/2014
Código do texto: T5071084
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