Homenagem à chuva

Do chão seco, o lamento e a agrura vêm.

É saudade da chuva o que o chão sente.

Chão e chuva, cujo amor nem diferente

era daquele que os casais têm.

Ela vinha do céu mais além.

Com ardor gotejante e persistente,

cobria-o de beijos assim de repente,

e acaraciava-lhe o corpo também.

Ele, grato, não escondia de ninguém

que naquele carinho tão frequente

estava tudo o que lhe fazia bem.

Hoje, sem qualquer mimo recente,

só lhe resta a esperança que mantém

de reaver o frescor da água corrente.