A poesia da sua vida
Eu me lembro do seu óculos fundo de garrafa dos anos 90,
e daquela sua barba de papai noel em pleno fevereiro.
Me lembro da sua risada quando tudo ia mal
e dos dias em que o mundo desabava,
mas você continuava à não chorar com nada.
E hoje, quando vi pela primeira vez
os seus olhos cheio de água
me lembrei de toda a memória que me cercava
sobre você.
Com você, eu aprendi à ser feliz sem me preocupar,
Você dizia isso antes mesmo do Bob Marley.
Você me ensinou à comer pão de queijo quente,
dando uns murros nele pra esfriar.
Era mais que um jeito mineiro, era você.
Eu nunca havia visto você doente,
como dizia, homem não chora.
Nem põe casaco no frio.
Nem passava perigo.
Era mais que um jeito brasiliense, era você.
Você não tinha ouro, nem andava de colar.
Era a mesma blusa o ano inteiro,
mas tinha tanta vaca leiteira.
Não estava nem aí para dinheiro,
a felicidade enchia mais.
Sua risada é inesquecível,
mesmo que a dentadura tenha caído.
Mas você não estava nem aí pra isso,
ficava feliz em fazer o outro rir mais.
Mesmo na luta, você ri.
Mesmo no choro, você sorri.
E na saudade, você não deixa de estar aqui.