Saudade antecipada (1º texto do Desafio Sarau Literário)

Quantas vezes, feliz diante da beleza de um dia de sol,

apunhalava-me a tristeza por quando o sol se fora.

Quantas vezes inebriada pela beleza da noite

apagaram-se-me de repente as estrelas que trazia no olhar

por quando o véu da noite nos fosse erguido...

Quantas vezes cheiros, gostos e cores

invadiram-me a lembrança nas filigranas da luz

coada pela janela...

Quantas vezes pela fresta da luz,

a sombra esquecida de uma árvore lá fora,

a visão de um transeunte cansado,

escoaram-se-me pela memória e coração?

Pedaços do vivido já tão distantes

e que, insistentemente, tentava segurar com a mão.

Quantas vezes senti-me invadida por sons melodiosos

de cantigas antigas jamais compostas.

Quantas vezes fui só saudade de tudo, de nada,

e, outras tantas, fui só sentir.

Quantas vezes entristeci-me de repente, senti falta do não perdido

e de algo que nunca soube decifrar.

Quantas vezes interroguei a vastidão desta saudade

que insistia em tomar conta de mim.

Quantas vezes quis expulsá-la, extirpá-la

e a percebi sendo eu.

Presságio, prenúncio do que não aconteceu.

Esta saudade sempre tão entranhada em meu ser,

é antiga.

É a saudade que eu sentiria

quando perdesse você.

Para minha mãe (In memorian)

Josely.

27.01.06 SEX 17:27

Em atendimento ao gentil convite da poetisa Ana Amélia Guimarães e do poeta Sócrates Di Lima publico meu primeiro poema para o Sarau Literário.

Para continuar esta ciranda convido a poetisa Arminda e os poetas Carlos Carcel, Ivanildo Nunes e Ivan Côrrea.

Josely Margarida
Enviado por Josely Margarida em 26/06/2015
Reeditado em 27/06/2015
Código do texto: T5291099
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