Meu felino amarelo ...

Lembranças tem o dom de trazer a presença,

o cheiro, a saudade,

e, como não sentir ...

E de você que estou falando,

meu amarelinho, minha laranginha, minha folhinha de outono,

meu neném ... Meu felino Amarelo!

Era verão, como todos os verões,

dias de ouro, SOl escaldante !!

Naquela manhã de domingo, quente e ensolarada,

debruçada na janela, meu olhar admirava a beleza de meu imaginário jardim florido.

De súbito, miados no portão !

A principio não dei atenção, pensei ser um daqueles hóspedes

inoportunos que tiraria minha paz!

O domingo seguia rotineiramente, sem grandes surpresas,

só com o incômodo miado de um hóspede de rua.

Uma rua cheia de casas, de pessoas,

não entendia como ninguém ficava

sensível aquele chamado.

Eu também estava insensivel, não querendo ouvir,

muito menos adotar.

No fundo não era insensibilidade, era defesa,

queria me proteger, estava cansada de sofrer,

de perder tantos que passaram pela minha vida,

alguns porque sumiam,

outros porque morriam envenenados.

Cansei ... fiz uma opção de não querer mais, não mais !!!

Quando o SOl começava a esconder no horizonte,

percebi que tudo continuava intacto, nada mudara,

ele ainda estava alí ...

Naquele instante, minha consciência despertou,

positivei pensamentos, dissipei nebrinas,

dissolvi em mim sentimentos ainda cristalizados,

e, uma luz me revelou desafios.

Deixei minha voz interna falar, e para "Ele",

a porta do meu coração se abriu.

Magro, feio, faminto, cansado de rolar o dia inteiro,

um verdadeiro menor abandonado por pessoas desprovidas de sentimentos.

Os dias passavam, a alegria voltava, a bagunça dominava,

as plantas serviam de palcos para as brincadeiras matinais,

os semelhantes amigos, eram os convidados para as liberadas refeições diárias.

O meu coração solitário abria em sorrisos,

as conversinhas fiadas do dia a dia,

os dengos, os carinho, a espera, o colorido,

a presença, tudo era festa!

Não podia imaginar como um ser pudesse preencher tanto o vazio,

acostumada a ficar só, dialogando com a inspiração da noite, com trabalho, plantas, músicas, leituras,

era intenso, literalmente intenso, mágico, como a magia dos

palhaços em circo.

Passamos duas estações juntos, verão e outono, quando íamos

entrar no inverno, estação dos abraços, dos aconchegos,

onde as pessoas se aproximam mais,

estação que buscamos os ninhos quentes,

quer dizer as cobertas quentes.

O frio subitamente tremeu minhas pernas,

o vento balançou o portão,

as notícias tristes chegaram, o vento que as trouxe,

as maltratou ... foi o fim!

O valioso foi sua breve passagem aqui,

todos os dias que passamos juntos,

você aqueceu meu coração, troquei preocupações por descontração,

minhas horinhas de descuidos eram dedicadas para carinhos e colos,

você encheu minha vida de brilho e alegria,

perto de você me sentia como uma

criança que brinca com seu presente mais simples, porém valioso.

Me lembrarei de você como um outono em festa,

e uma luz que nunca se apagará, jamais se apagará ..

vou te sentir sempre, como se estivesse aqui, perto,

ainda mais perto do meu coração.

Ah !!! Se todos os humanos fossem iguais a você !

Agora, só a saudade me faz companhia,

você me fez sentir que pequenos

acontecimentos simples do cotidiano,

torna a vida leve e mais alegre,

enfim, você floriu minha alma.

Minha "Folinha de Outono" voou, talvez,

na asa de alguma borboleta,

por ela estar sempre borboleteando perto de seus olhos,

era seu passatempo preferido.

Ou talvez tenha voado para outros céus,

o céu de minha saudade,

o céu do meu olhar apaixonado,

um céu crepúscular,

assim como você:

Um ser crepúscular!

- Helena Huback -

"O meu amor eu guardo para os

mais especiais."

Shakespeare

Helena Huback
Enviado por Helena Huback em 26/07/2015
Código do texto: T5324713
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