ENXURRADA
O tempo fechou novamente.
Nem tem como ser diferente
porque se eu estou presente
tu és o meu doído ausente.
O que eu mais queria agora,
que entendesses nessa hora,
estou chovendo por dentro.
Então, oro e me concentro...
E em preces vou dizendo:
É porque eu to te perdendo
que esse meu coração chora
E em versos reza e implora
que possas alcançar, entender...
Que eu quis enviar pra você
apenas uma pura mensagem
que não encontrou passagem,
já que fica aqui, comigo presa.
Ou por força d´alguma natureza
toda a emoção, sonho e alegria
que senti e vivi num lindo dia,
vai se esvaindo aos poucos.
Deixando o meu ser no sufoco.
Por isso, chove torrencialmente
dentro de mim... Simplesmente
um vazio enorme, desesperado.
De um ser impotente, desolado...
Assim, não entendo e me agito...
Por favor, escuta o que eu grito.
Como posso te falar com apreço
se de teu coração, não sei o endereço?
O que me deixa assim nessa vida,
que longe de ti jaz e é perdida...
Sem a esperança de em breve dia,
exultar em sincera paz e harmonia,
vendo toda essa tempestade passar.
E o Sol do meu abalado firmamento
agora, de fato e em pensamento...
Voltar a reinar e só de alegria brilhar.
Mas, enquanto esse dia não nascer,
continuará meu coração a chover
a tristeza de não poder te entregar
a esperança que encontra no mar.
Onde as lágrimas são só de prazer,
porque este sonho não pode morrer.
Que os anjos do Céu toquem nessa terra,
ou minha fantasia linda assim encerra
só com tempestade em meu firmamento.
Chovendo... Só chovendo por dentro...
É uma grande chuva por não conter
toda a enxurrada do meu ser.