Saudade do meu pai

A tarde vai desaparecendo

O sol se escondendo

Em pleno sertão

Meu pai sentado em um banco

Limpando o candeeiro

Para enfrentar a escuridão

Todo dia, tudo se repete

Ele não esquece

Da sua obrigação

Depois senta na calçada

Fica olhando a vacada

E o novilho patacão

No canto do cercado

Em um pé derrubado

De barba timão

Canta a seriema

Arrepiando as penas

E ciscando o chão

Dá um pulo certeiro

E com o bico ligeiro

Mata uma cobrona

Que jogou o bote em vão

Cada detalhe vem à mente

Nada seria diferente

Se não fosse

Só a recordação

Meu pai já partiu

A dor me feriu

Sangrou meu coração

Sem a sua companhia

Acabou a alegria

Daquele lugar

Hoje só existe a casa

E o lugar que ele ficava

A saudade deixada

Para me maltratar

Valeram todos os momentos

E os ensinamentos

Que ele pôde deixar

Sua honra e história

Foram os maiores patrimônios

Que eu pude herdar

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 10/12/2015
Reeditado em 06/09/2021
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