Saudade do meu pai
A tarde vai desaparecendo
O sol se escondendo
Em pleno sertão
Meu pai sentado em um banco
Limpando o candeeiro
Para enfrentar a escuridão
Todo dia, tudo se repete
Ele não esquece
Da sua obrigação
Depois senta na calçada
Fica olhando a vacada
E o novilho patacão
No canto do cercado
Em um pé derrubado
De barba timão
Canta a seriema
Arrepiando as penas
E ciscando o chão
Dá um pulo certeiro
E com o bico ligeiro
Mata uma cobrona
Que jogou o bote em vão
Cada detalhe vem à mente
Nada seria diferente
Se não fosse
Só a recordação
Meu pai já partiu
A dor me feriu
Sangrou meu coração
Sem a sua companhia
Acabou a alegria
Daquele lugar
Hoje só existe a casa
E o lugar que ele ficava
A saudade deixada
Para me maltratar
Valeram todos os momentos
E os ensinamentos
Que ele pôde deixar
Sua honra e história
Foram os maiores patrimônios
Que eu pude herdar