CABOCLA TEREZA (João Pacífico e Raul Torres ) - Série Perolas do Sertão do Caipirinha
Lá no alto da montanha,
naquela casinha estranha,
toda feita de sapé
parei uma noite o cavalo
por causa de dois estalos
que ouvi lá dentro bater.
Apeei com muito jeito,
ouvi um gemido perfeito
e uma voz cheia de dor:
“Você Tereza, descansa;
jurei de fazer vingança
por causa do nosso amor”!
pela réstia da janela,
vi uma luzinha amarela
de um lampião se apagando,
vi uma cabocla no chão
e um cabra tinha na mão
uma arma alumiando!
Virei meu cavalo a galope,
risquei de espora e chicote
sangrei a anca do tal;
desci a montanha abaixo
galopeando o meu macho
e o seu doutor fui chamar!
Voltamos lá pra montanha
naquela casinha estranha
eu, mais “seu” Doutor;
topamos um cabra assustado,
que chamando-nos p’rum lado
a sua história, contou:
“Há tempos fiz um ranchinho
pra minha cabocla morar
pois era aí nosso ninho,
bem longe desse lugar;
lá no alto da montanha
perto da luz do luar
vivi um ano feliz
sem nunca isso esperar.
E muito tempo passou,
pensando eu ser tão feliz,
mas a Tereza Doutor,
felicidade não quis;
pus o meu sonho nesse olhar
paguei caro meu amor
por causa de outro caboclo
meu rancho ela abandonou!
Senti meu sangue ferver
jurei Tereza matar
o meu alazão arreei
e ela eu fui procurar;
agora já me vinguei,
é esse o fim de um amor
essa cabocla eu matei,
é a minha história doutor”!