Gaveta

Estico a pele pra ver se cabe, os meus versos de saudade.

A empapuçar meu peito, a cabeça não comporta mais.

Cada verso, cada página, a muito tempo esquecida.

Pelos cantos, pelas veias, pelas páginas desta vida.

Cada rosto, cada gesto, cada segundo passado.

De repente tudo volta, eternamente retornam ao nada.

Sou um ser feito de poesia, sou um livro que faltam páginas.

Minha veias levam versos, o meu coração bombeia palavras.

Fecho a gaveta, as folhas saltam, não comporta mais guardar.

Corto a pele o sangue não estanca, são meus versos a jorrar.