Capela da fazenda
Na capela da fazenda
O sino tocava
De longe se escutava
Quando ele anunciava
A novena começar
No tempo da desobriga
O padre vinha celebrar
Depois da missa batizava
E os noivos ele casava
Para o amor abençoar
A capela era cercada
Na frente sombreada
Com figueiras plantadas lá
Todo ano era pintada
Muito limpa e arrumada
Esperando o padre chegar
O pátio da fazenda
Parecia até uma feira
Ourives vendiam pulseiras
Camelôs anunciavam
O que queriam negociar
Já no fim do dia
Quando terminava a folia
De vender e de comprar
Era a hora que os noivos
Começava a comemorar
Chamava o sanfoneiro
Ia para o meio do terreiro
E começava a dançar
Era o forro a noite inteira
Até o dia clarear
Hoje... A saudade é que restou
A capela desmoronou
O sino não mais tocou
A figueira secou
Ninguém lá mais casou
Só a lembrança e dor
Da fazenda é o que restou
De um tempo que passou
E nunca, mas irá voltar.