Capela da fazenda

Na capela da fazenda

O sino tocava

De longe se escutava

Quando ele anunciava

A novena começar

No tempo da desobriga

O padre vinha celebrar

Depois da missa batizava

E os noivos ele casava

Para o amor abençoar

A capela era cercada

Na frente sombreada

Com figueiras plantadas lá

Todo ano era pintada

Muito limpa e arrumada

Esperando o padre chegar

O pátio da fazenda

Parecia até uma feira

Ourives vendiam pulseiras

Camelôs anunciavam

O que queriam negociar

Já no fim do dia

Quando terminava a folia

De vender e de comprar

Era a hora que os noivos

Começava a comemorar

Chamava o sanfoneiro

Ia para o meio do terreiro

E começava a dançar

Era o forro a noite inteira

Até o dia clarear

Hoje... A saudade é que restou

A capela desmoronou

O sino não mais tocou

A figueira secou

Ninguém lá mais casou

Só a lembrança e dor

Da fazenda é o que restou

De um tempo que passou

E nunca, mas irá voltar.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 13/04/2016
Reeditado em 13/04/2016
Código do texto: T5603780
Classificação de conteúdo: seguro