REVISITADO
Vem repentina a saudosa viagem
dos tempos gloriosos
em que nada era,
esgares vulcânicos
numa noite cheia de olhares.
De mim nada saía.
Nada me podiam tirar.
Vi-me sulco, sem o perceber,
frieira em dia quente, satisfeito
por não saber que tudo
sofre de um ciclo crescente
como o meu olhar ao infinito.
Aquela cereja sempre caiu...
Rir-me era o mais fácil,
ainda continua a sê-lo.
As cerejas não param de cair...
Tudo vem tarde quando não se quer,
um dia a consciência
de que sempre fui alguém
mas sem recordações
apoderou-se de mim,
um traço com início no presente
que é tarde, muito tarde.
Quando pude não tirei notas
de como fazer um ser supremo,
sofro agora das mortalidades
com que me perverteram
e dos infortúnios dos ideais
em que me afogaram.