Colina da saudade

Saudade de quem eu deveria ser,

saudade de quem eu poderia ter sido,

saudade de quem eu fui um dia,

saudade de quem eu jamais serei amanhã,

a vida em suas voltas derrapantes,

quando você se pergunta sobre o que fazer,

sobre para onde ir se não sabe de onde veio,

trilhando caminhos cheios de ervas daninhas,

ferindo as mãos em espinhos de rosas mortas,

esperando uma chuva que alivie a dor para sempre,

um sorriso que conforte a alma sem perguntas,

um abraço que aqueça como um raio de sol no inverno,

enquanto as ondas chocam-se contra os recifes,

as inquietações não te abandonam embora amenizem,

entorpecidas que estão pelas demandas da existência,

enquanto você fecha os olhos e sente-se rodopiar,

do alto de uma colina vê a vida que não é sua,

do alto de uma colina grita no silêncio que lhe foi imposto,

do alto de uma colina chora copiosamente,

do alto de uma colina sabe que jamais tudo será normal...