As estrelas e eu
As estrelas são capazes de escutar a mil léguas de distância todos os gritos silenciosos emitidos por um coração partido.
Quando a solidão aperta o cadarço, o paradoxo reforça todas as teses.
Conselheiras indulgentes das almas perdidas, apesar de tão pequenininhas.
Poderosas por natureza, minhas melhores amigas.
Eis que o céu está completamente nublado hoje e eu não posso ver as estrelas daqui da minha janela.
Se o vento em minha direção soprar, eu vou pedir para te encontrar.
Num sonho qualquer, onde você seja presente.
E esteja. Mas não deixe de ser.
Dentro das incertezas, uma ferida que nunca se cura.
Se o tempo remediar as dúvidas e angústias por conta de um propósito maior,
Maior que as muralhas erguidas pelo medo, eu quero sobreviver,
Embora deva admitir que pior do que morrer de coração partido é lidar com ele.
Se houver um bálsamo capaz de amansar o quebranto da solidão, que haja libertação.
Passa um dia, passa outro; a saudade me faz indiferente ao resto da minha vida.
Um dia, se a tristeza não for maior que o futuro.
Porque eu sei, à medida que outra manhã vem, que olhar para trás é maltratar a resistência.
Foram versos de amor compartilhados no céu da boca, na areia movediça do desejo que não gravou para a posteridade os sonhos, agora desfeitos e rebaixados a utopias flamejantes consumidas na lacrimosa fogueira que repassa hora após hora de insônia os instantes em que a felicidade foi tão nossa companheira que nem pareceu se tratar de uma visitante que se foi do mesmo jeito que você entrou na minha vida...
De repente!
Por mais redundante que seja a expressão, agora eu escrevo com o coração.
Nota agora, só se for de uma música que imprima em sua partitura a honestidade.
E é por essa razão que a poesia guarda consigo a matemática rimada.
Por mais fraca que venha a estar, eu escrevo.
O inefável ganha essa tradução meio sem noção, sou amiga das metáforas, brinco de ser estrela, gosto dessa sensação boa de ver o tempo passar, às vezes voo mais alto e imagino o seu abraço levando para longe a saudade.
Eu sobrevivo respirando todos os aromas amadeirados da primavera fora de hora.
Eu continuo respirando você, eu continuo esperando por você.

 
Outubro/2015.
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 22/05/2016
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T5643404
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