Saudades de Madureira

Saudades de Madureira

Sentava-me sob as carregadas mangueiras

Nas tardes distantes de verão em Madureira

Aspirando o perfume das frutas deliciosas

Brincando inocente a vida era maravilhosa.

E o banho de chuva caindo do telhado

À noite contando estrelas no céu azulado

Vendo as velhas beatas voltando da igreja

E os bêbados no botequim bebendo cerveja

As roseiras brancas intocáveis da vizinha

E os espinhos da língua ferina que ela tinha

Contrastavam com o velho calado e sábio

Da outra casa de bigode espesso sob os lábios.

Tristes solteironas se enfeitavam na certeza

Que era preciso encontrar algo além da beleza

Para um namorado encantar e chegar à realeza

De algum lar mesmo que fosse na pobreza.

Lindas lições ainda estão na lembrança

Da distante infância tão bom ser criança

A parentada protegendo sempre por perto

Muitos se foram à vida é quase um deserto

Tinha uma prima que morava no Flamengo

E gostava de vir passar as férias no subúrbio

Na hora de voltar era um grande sofrimento

Ela sonhava no segredo do seu pensamento

A escola, os colegas, as lojas tudo ficou para trás

Às vezes bate uma saudade imensa de lá voltar

Fico quieta no canto até a vontade passar

Pois lá é terra de guerra muito longe da antiga paz.

Madureira com suas escolas de samba

Berço fértil de tantos mestres bamba

Madureira com seu burburinho frenético

Palco da vida de importantes imortais

Madureira com seu antigo/novo mercado

E hoje em dia a noite tem esquinas de pecado

Meu simples e breve, mas sincero relato

Não descrevem tudo neste pequeno retrato

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 30/08/2016
Código do texto: T5744977
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