Homem: O dia e a hora de uma vida
Homem, tua destreza evadiu-se
Com tanto esmero criastes um elo infinito,
Tua família clama e deleita tua triste herança
Mesmo sem esperança, tu sempre serás daqui!
Nasceu e viveu no sertão, família caatingueira.
No sol flamejante embriagava a alma
O chão seco unia-se às profundas rachaduras dos teus pés
Sem atenção para ninguém, nem mesmo tua genitora ou mulher.
Traçou o que quis,
Abdicou-se feliz, em dez longos anos de glória,
De entorpecer a vida e viver perdido no mar
Entretanto, o triunfo vital não é feliz.
Embalados no tempo,
Nas mesmas 9h:40min
Vimos teu espectro se esvair por nossos dedos,
Nos restando apenas prantos e lamento.
A vida infinita transcorre,
Tudo que ainda lúcido plantou,
Teu sangue teve o prazer de fazer e ainda te devolve,
Com prece e gratidão, tudo o que se pregou.
Nos meros acasos da vida,
Considerando apenas tua honra e glória
Felicitar mesmo que haja uma ferida,
De tudo o que pregaste, a tempo e sem demora.
Ainda é comum entreolharmos nos olhos
E sentir aquele frio profundo e saudoso
Nem mesmo sem deixar expostos
O que houve um dia de flerte desgostosos.
Mesmo que seja apenas simbologia, números ou equações
O QUATORZE nos fere a alma
Nos traz à tona momentos tristes e transgressões
Mesmo assim, canto essa trova com calma
Sabemos que olhas por nós
A dor não findará, logo não existe o fim
Um dia estaremos no mesmo lugar
Nesta nova vida a esperança é que reside em mim.
Agradeço a ti, embora, brevemente lúcido
Plantou no peito o amor
A semente de um sentimento puro
Lutar é minha glória, vencer será minha sina.