Estive

Estive,

quando já não estavas.

Quando partiste de ti mesmo,

e não sabias quem eras.

Estive,

quando exigias de mim,

o que eu não podia ser,

mesmo assim, estive.

Estive,

quando te perdias,

e buscavas em mim,

a felicidade que tu não tinhas.

Estive,

nos dias solitários, sem ti.

Nas noites que te encontrava nas palavras,

porque esperava por elas.

Estive,

nas horas em que te esperava,

e, no momento em que chegavas.

Estive,

quando no inverno, olhando da sacada,

via a névoa cobrindo a vista,

e, tu estavas ali porque eu te via.

Estive,

quando mais queria que estivesses,

e, eu estava, porque chegarias.

Estive,

quando o barulho da manhã me despertava,

e, a cama estava vazia,

mas, teu lugar, era teu.

Estive,

quando tu não estavas,

porque eu te amava, estava.

E, logo despontarias pela janela.

Estive,

quando ninguém mais estava,

porque era só eu e tu,

e, estávamos.

Estive,

quando na tua dolência,

te acompanhei pelos corredores,

ouvindo o que te diziam.

Estive,

quando corremos pela praia,

fugindo de uma conta demorada,

sem culpas.

Estive,

enquanto dormias tranquilo, sem medos,

e, eu fumava o meu cigarro.

Estive,

pelas estradas percorridas,

enquanto falávamos da vida,

e, ouvíamos o rádio,

nas músicas do dia.

Estive,

em cada poro da tua pele,

e, tu em cada sopro do meu respirar.

Estive,

mas, não estive.

De nada adiantou estar para tudo,

porque não estive para nada.