Camelot

E lá vamos nós,

procurar nossas respostas,

entre tantos labirintos de sentidos,

num emaranhado de dizeres desconexos,

poetizando rimas sem métricas,

numa estrada de tijolos amarelos,

delirando entre tormentos e estrelas,

num copo d'água sem álcool,

enebriados por analgésicos de mente e alma,

que nos domesticam as revoltas incontestes,

tiram-nos a intensidade do viço no olhar,

para nos deixar adocicados como favos de mel,

nos perdendo de nós mesmos sem uma volta possível,

de túneis sem mapa guia ou luz ao final,

mas dizem que a terapia um dia terá resultados,

falar sobre a origem de seus danos à estranhos,

abrir seus segredos à um sonolento ouvinte,

esperando o relógio marcar o fim da sessão,

ah, dizem ainda tantas coisas mais,

que os comprimidos trarão a liberdade almejada,

que a dor irascível no peito irá nos abandonar,

que os pesadelos deixarão de existir em nosso sono,

que nossas insônias não serão por medo e lembranças,

que o esquecimento não será um efeito colateral,

tantas mentiras e aprisionamentos sem finitude,

retóricas receitadas em prontuários insensíveis,

talvez devêssemos escalar os muros dessa fortaleza,

fugir dessa masmorra que nos tolhe os sorrisos,

gritar nossa emancipação para todo o mundo,

buscar o nosso caminho para Camelot...