Ícaros sem asas

Passeando no céu

Sem sonhos

Só me acompanha as nuvens brancas, cinzas e

Douradas de sol

Os últimos raios de sol

Gemem pelo entardecer

E anunciam languidamente

a noite

Depois discretamente aparecem

as estrelas

O mapa de estrelas desenha

o centauro, o escorpião

As três marias

O cruzeiro do sul

Que me parece mais ao sul

Da alma gélida pela

Despressurização

Ao fundo anunciam

Numa voz confortável

A quantos pés de altitude

a velocidade e

previsão de chegada

pela minúscula janela

Cabia o mundo todo

Apertado entre nuvens e horizonte

Turbulência

Tremores

Sacudidas na aeronave

Rostos empalidecem

Sorrisos amarelos

E as nuvens mais belas

do mundo lá fora

a se despedir do dia

do destino

a imaginação esculpe as nuvens

forma anjos, ovelhas

e leões

um certo tom lilás

tinge levemente a asa do avião

que rasga ao meio o entardecer

e, sem qualquer culpa aterrisa

afinal.

Ícaros livres disputam a porta

Pegam as malas, maletas

e pertences

Ícaros sem asas,

Ícaros sem dédalo

Somos passageiros do nosso medo

da ansiedade

de nossa história

de nossos sentimentos

E o desembarque

É sempre num lugar

nunca antes vivido.

É um lugar inusitado

Apesar de ser aonde se quer

chegar.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/08/2007
Código do texto: T595698
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