VERSOS DE SAUDADE
As ruas desertas da cidadezinha esquecida
Choram as lágrimas de um passado que se foi.
Pelos paralelepípedos de granito disformes
Escorrem as sombras de vidas desaparecidas.
Vejo neste triste, melancólico cenário
As rugas de uma época de há muito olvidada.
Pelas calçadas do Largo da Matriz
Passam cachorros sarnentos, esqueléticos.
Casarões, outrora belos, morada de fidalgos,
Desfalecem ante o impacto do tempo insensível.
O tempo te pegou, minha velha cidade.
Já não és mais aquela menina de ontem,
Quando, bela e formosa, a todos encantava.
Agora, és velha e largada ao léu.
Teus filhos te deixaram no abandono,
Partiram para sempre sem olhar atrás,
Deixando-te só e desamparada.
Agora, minha velha cidade,
Neste momento em que todos já se foram,
Nesta hora quando ninguém mais se lembra de ti,
Apenas eu, velha amiga,
Apenas este triste e solitário poeta,
Ficou ao teu lado
E te canta nestes pálidos versos de saudade!