O SABOR DA SAUDADE

Incólumes, povoam a intimidade do meu ser

Os amores que o coração não quer esquecer.

É meia-noite e o silêncio é reinante

Entre as quatro paredes do meu aposento;

É meia-noite e o silêncio é ruidoso

Entre as quatro paredes do meu pensamento.

A Lua está cheia e as estrelas cintilantes

Despertam na alma um sentimento saudoso;

Assim tomado por essa luzidia inspiração,

Relembro com emoção os dias de outrora;

Sinto as lágrimas escorrerem do coração,

E elas são tudo de que disponho agora.

Nessas noites que passo a sós comigo,

Revejo os sonhos felizes de um tempo antigo.

Naquela época, eu me vejo mais vivo

Na presença de saudosos entes queridos,

Amigos que os anos levaram sem mandar aviso.

Hoje, eu escuto por dentro o soluçar do pranto,

Que quebra o silêncio com esparsos gemidos,

Soluços que ouço de quando em quando.

E assim inundado pelas águas passadas

Eu sigo sozinho na solidão das estradas,

Sem saber até quando sonharei acordado

Nessas noites sem vida de vivo desalento,

Vagando entre sombras de volúpias e lamentos

Na sofrida ausência de tudo que amei no passado.

A duras penas derrubo os pesados muros da dor,

Enquanto dou forma à leveza inerente ao amor

Com que amei as pessoas que, na lembrança eterna

E infinita, ainda vivem em comunhão fraterna.

Essas lágrimas noturnas das horas que andam

Em passos lentos — ora alegres, ora tristes —

Têm o sabor da saudade que em mim existe

Das pessoas que amo e também me amam.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 29/06/2017
Reeditado em 03/08/2017
Código do texto: T6040666
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