CONFIDÊNCIA

PRIMEIRA PARTE

Nos dias escurecidos pela angústia,

Quando o céu se veste de nuvens acinzentadas,

E a alegria que aflora é como se fosse a última,

A alma exilada no vale de sombras da dor

Pede a Deus com palavras embargadas

Que restitua ao céu enfermiço a luz e a cor.

Algum poder restaurador existe nisso

Porque, como que por encanto,

Refaz-se o riso

E desfaz-se o pranto.

SEGUNDA PARTE

Não temo a morte,

Que a morte é regresso,

Viagem de volta ao Eterno;

Temo, sim, a saudade forte

Dos momentos felizes (que tive)

Guardados nos arquivos do coração;

Não nego que, por dentro, me verei triste

Ao relembrar o céu de luz e de cor,

O teto azulado desses tempos passados,

Pelos quais dispenso profunda gratidão,

Muito carinho e todo o meu amor,

Pois foram tempos por demais abençoados

Que passei na fugidia, mas grata companhia,

Das pessoas que jamais me negaram alegria.

TERCEIRA PARTE

As sementes de amor que plantei

Em solos de tempos remotos

Germinaram e produziram fruto,

E a safra dos momentos ditosos

Levarei para o celeiro do futuro,

Onde por longos dias viverei.

QUARTA PARTE

Algo no instante me confidencia

Que há magia no ar,

Um sopro, uma brisa, uma ventania,

Um desejo livre e espontâneo de orar;

E assim como quem tudo agradece,

Agradeço ao Senhor pela chance

De poder endereçar-lhe esta prece

Com um aperto no coração agonizante,

E uma certeza íntima de que o melhor

Da vida está sempre ao alcance

Das mãos que procuram ao seu redor

Outras mãos para juntas seguirem adiante.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 01/07/2017
Código do texto: T6042746
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