Hora de partir, pai

Pensei que era hora de partir. De entender.

Que mesmo que não quisesse você aqui, queria te ter.

Que longe das coisas que deixou para mim, tinha que me dizer.

Que foi o único homem que conseguiu me proteger.

Pensei que era hora de partir, para não lhe ver.

Que longe de ti eu iria aprender.

Que eu deveria sozinho o mundo conhecer.

Mas só conheci as mazelas de um mundo sem você.

Pensei que era hora de cantar, de contar.

As histórias que só você sabia interpretar.

Longe do teu mundo aprendi a sonhar.

Como nas histórias que diziam que só você poderia me salvar.

Pensei que era hora de ficar. De te escutar.

Aprendi que você ainda tinha coisa para me ensinar.

E na maioria das coisas que não pude entender.

Tinha coisas que falava somente sobre eu e você.

No teu mundo, sozinho, me protegeu.

E admiro que nunca se esqueceu do quanto isso era por mim.

Que quando você me deu seu primeiro adeus.

Tinham coisas que estavam muito longes do fim.

Agora penso que é hora de ficar. De te abraçar.

Para pensar nos ensinamentos que faltou.

E lembrando das coisas que ainda poderia te falar.

Ficou as palavras que diziam que você nunca me abandonou.