CARTA DE AMOR TARDIA

(Poesia revisitada)

Seu eu lhe escrevesse uma carta de amor

Onde pudesse revelar os sentimentos estiolados

Contaria o quanto fui desprevenido para seus braços

E o que aprendeu com a dor, meus olhos molhados

Pedir-lhe-ia perdão por não ter-lhe amado mais

Por não ter cultivado o amor que ainda sinto

Posto que amor é nuvem que não morre e se refaz

Nos seios da alma que é mistério e labirinto

Pedir-lhe-ia perdão pelos beijos que não lhe dei

Quando o amor ardia e a paixão me devorava

E eu embrulhado em pequenas crises de ciúme

Que amordaçava o desejo e à vontade esfriava

Pedir-lhe-ia perdão por não ter posto mais atenção

Nas suas queixas que minha indiferença ampliava

Que certamente levou-lhe a apertos no coração

E aos nós da dúvida se eu, de fato, lhe amava

E o que dizer do silencio e das poucas palavras?

Quando você era uma platéia a ouvir minha voz

E eu perdido no bojo de estranhas mágoas

A desperdiçar os bons momentos a sós

Pedir-lhe-ia perdão por ter sido volúvel

Ao buscar em outro olhar o que só havia no seu

A luz do amor que meus olhos nunca viram

Que na mata escura do meu ego se perdeu

Falaria do desconforto e das lágrimas

Que gerei no seu íntimo com a insensibilidade

Ao rasgar a seda fina dos seus sentimentos

E amar-lhe com as mãos da vaidade

Pedir-lhe-ia perdão por não perceber que me amavas

Que sua natureza buscava carinho e calor

No meu egoísmo, só o que eu sentia, importava

Assim não dei guarida os seus sonhos de amor

Diria que minha insegurança sempre justificou

Meu comportamento avesso de viés dominador

Que ele teria machucado nosso relacionamento

Enfraquecendo o fio tênue onde anda o amor

Hoje maduro, vejo com a clareza das águas

A dança insensata dos sentimentos banais

Que destroem a flor da pequena da felicidade

Quando trovejam os destemperos verbais

Agora que o amor no palco dos seus olhos se fechou

E as cinzas da sua paixão já sumiram no ar

Pergunto porque as ruas da saudade são tão largas?

Porque são tão estreitos, os caminhos do amar?

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 18/08/2007
Reeditado em 10/05/2015
Código do texto: T612691
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