Saudades

Me lembro , menina ,com cheiro de flor

Descia e subia

Daqui para ali

De lá para cá

Eu ia e vinha sem nada pensar.

Só via montanhas

Nunca via o mar

Achava que estrelas

Ficavam a me olhar

Brincava nas matas

Chicote queimado

Passava anel, cantigas de roda.

Colhia morangos,

Muricis e araçás.

Só sei que sabia

Não tinha segredos

Não tinha amor

Nem mesmo eu sabia

Que era a dor.

Nós éramos sete

Sete, encapetados, mimados.

E entrelaçados.

A vida corria e nada se ouvia

Queira que os dias

Passassem de pressa

Chegasse o natal.

Dos sete que falo

Quatro eram homens

E duas mulheres

Uma era artista ,tocava piano ,

Pintava, esculpia

Tinha mãos de fada

Tudo que ela tocava lindo ficava!

Exigente... Mimada foi educada por nossa avó

Eu sou a outra, meio marota,

Tão protegida que sufocava,

E as trapalhadas dos quatro irmãos

Do pai não escondia, eu sempre contava;

E é por isso que deles sempre; eu apanhava.

Eu era ainda bastante jovem, mas bem me lembro de um irmão

Corpo esguio, nariz afilado, olhar distante.

O José Eustáquio

Era tão lindo..., de gênio forte me lembro dele com exatidão.

Falava baixo, era manhoso...

Um filho querido bem brincalhão

Assim como Eduardo, nosso soldado,

Contava estórias de assombração

Eu tinha medo ele sorria |

_ fica quietinha!

E eu tremia

Ele sorria

E me dizia:

_Se dormir logo, essa de hoje,

Não te pega não.

Ai quem me dera poder ouvir,

De novo as estórias do meu irmão

Talvez a vida corresse leve

E nos encontros

Me enrolaria em seus braços longos

Daria um beijo em seu coração

Você nos falta irmão querido,

O tempo se vai longe e a gente,... Indo

Mas viver, sem ter tua presença.

Ainda não nos acostumamos não.

Faz cinqüenta anos que Deus te levou

Em seu lugar aqui ficou um grande vazio buraco eterno

Tantas saudades, que é diário;

Falar seu nome entre os irmãos

Dizem que quando Deus vem em busca

De alguém tão novo, com tanta vida ainda a viver,

È porque precisa de mais um anjo, bem do seu lado,

E o mais amado é resgatado pra cantar Ângelus, ao entardecer.

Quando nós todos nos reunirmos.

Vamos brincar e agradecer

Por termos tido vida tão linda,

Que conto em versos prá não... Esquecer!

raios de sol
Enviado por raios de sol em 19/08/2007
Código do texto: T613686