Sau(vai)dade
Não esqueço aqueles que amei.
Pessoas com quem dormi e me deliciei...
Por todas me apaixonei
Pois em todas elas, amor encontrei.
Umas um pouco frias, distantes e calculistas
Na racionalidade cientificista
Mas numa oratória que encanta o ouvido niilista.
Não esqueço os diferentes perfumes, os cheiros
Aqueles que se entregaram por inteiro
E outros que nem se quer tinham o lado faceiro
Alguns apaixonados pelo Alberto Caeiro.
Umas que comigo beberam vinho e riram
Outras que, depois que provaram, insistiram
Umas que nem lembraram e saíram.
De todas me recordo e sinto saudades
Por pura e mais desdenhosa vaidade
Dos momentos que vivi na mocidade
Do pouco medo que tinha da promiscuidade.
Ama-los-ei, ame-os: aqueles que passam.
Se não te tocam, te notam
Portanto, amei na mesma intensidade que brotam
Que surgem na sua vida e a lotam.
Não tenhas medo de que seja mentira,
Podem ser sinceros ou provocarem tua ira,
Mas todos te farão sentir, de maneira que suspira.
Sentir a falta do que foi, é a prova de que passou
E se passou, é porque viveu, se afogou
E inundastes teu ego no mais lindo flow
Daquele que a vida não fechou, aberto estou.
A diversidade dermatológica, o beijo não provado
Uns que te dedicam um rock e o outro um presente embrulhado
Não importa que forma tenha levado
O que importa é terem se unificado.
Vai sentindo saudade, pois não os esqueço
E se por um acaso, o eterno chegar, porque mereço
Sei que ainda sim, sentirei falta no começo
De conhecer aquilo de outrem e virar-me pelo avesso.