Lembras-te...

Lembras-te,

das gotículas salgadas que acariciavam de mansinho o teu rosto

e das flores beijadas de orvalho que me dedicavas,

nas noites aquecidas de Inverno.

Lembras-te,

dos teus dedos nos meus dedos

e do carinho de nossas almas rebolando no chão,

quando o mundo parecia serenado pelo nosso amor.

Lembro-me,

amaste-te

e eu não percebi a intensidade do sentimento,

nem a cor da emoção com que impregnavas minha alma

em jeito alienado.

Perdi-me de ti

perdeste-te de mim,

e a vida revoltou-se num ímpeto,

deixando profundas marcas no âmago do meu ser,

de mim.

Lembras-te,

agora que sou eu transformada pela dor de lembrar,

e pela vontade de beijar

o orvalho das flores que me dedicavas.

Isabel Fagundes

Outubro/2005