O céu é meu confidente

O sussurro da noite,

Com as curvas das montanhas escondidas sob o manto escuro,

Sob o frio breve de um outono brando,

Sob o descanso das almas à espera da próxima ilusão,

Céus estrelados de outros dias,

Quando um amigo ainda existia,

Quando aquele momento ainda passava,

Até se perder no breu da memória, nos braços do esquecimento,

Lembro de seu rosto, amigo

De sua alegria incontida, simples e pura,

Lembro de sua fidelidade e de seus últimos dias,

De sua morte estúpida, mal entendida

De sua dura partida,

Lembro dos lençóis molhados de lágrimas,

De ter forçado o choro, ao me tornar mais consciente de sua despedida,..

O céu é sempre o meu confidente,

A sua beleza sempre presente,

Enquanto aqui, na lama da mais vil estupidez,

Nós, os espelhos mais reflexos do universo, nessa galáxia leitosa,

Nós, supostos racionais, chafurdamos no próprio desespero, na própria inferioridade,

Mas eu não me esqueço, e espero nunca me esquecer de ti, meu amigo

Espero que, num dia, o verdadeiro sentido se revele a mim, e você apareça pra me mostrar o caminho.

Homenagem ao meu amigo Pluto (1995-2006), cachorro de estimação muito querido