SAUDADE

Eu estou sentindo uma infinita saudade

vinda de não sei que infinito do mundo .

Uma saudade doída, que pede que eu fale,

chore, escreva, blasfeme

ou lhe dedique, apenas, um verso triste,

sem rima, sem métrica, sem forma ...

Um verso branco esmaecido pelo tempo,

com o incolor das grandes tristezas ...

E eu falo, choro, escrevo e blasfemo .

Não sei se justa ou injustamente,

não sei fazer versos brancos

para aliviar minha saudade,

como não sei contra quem devo blasfemar,

por isso, blasfemo a esmo ...

Olho em meu redor os que passam

com o semblante sem marca de saudade,

de revolta ou de tristeza.

Olho novamente e penso, e medito detidamente

e vejo que Deus me deu um coração

infinitamente sensível,

capaz de amar, sentir, sofrer e perdoar.

E o que fiz eu para merecer tanto ?

Reflito envergonhada e concluo

que seria ingrata, friamente ingrata,

se continuasse blasfemando infinitamente

contra não sei quem ...

Porque pior, bem pior

do que não sentir uma infinita saudade,

é ter o coração infinitamente deserto de ternura,

de afeto, de sensibilidade e da própria saudade ...

Maria Nascimento Santos Carvalho

Site : www. marianascimento.net

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 24/08/2007
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