Saudade

Saudade de um dia ingovernável

Com o mar todo navegável,

Das coisas com leveza

E os problemas de lado.

Saudade de olhar no espelho

E de saber o que calo,

Todo amor e desespero

Tudo chega embaralhado.

Saudade do vento

Que sara o tormento

E me faz voar.

Saudade do abraço

Que nunca foi dado

Do desconhecido

Do desconversado.

Saudade do que não vi

Do que eu não vivenciei,

Das viagens que não fiz

Dos caminhos que não cruzei.

Bravura na incompletude

Sensações de descobertas

Da alma fantasiando

Num banquete sem hora certa.

Pensar em águas, em fluxo

E num copo me afogar

Pra beber algum segredo

De profundo salivar.