Gaivotas

Eu precisei das tuas mãos, que jamais me tocaram,

dos teus olhos, que nunca me olharam.

Precisei das gaivotas do teu mar, que te acompanhavam,

e sobrevoavam meus sonhos, igual comida jogada ao chão.

Tu não viestes, deixando teu barco navegar sozinho,

pelos mares assustados da vida.

Da vida que escolhestes,

encalhando em uma areia qualquer,

de uma ilha desconhecida.

Deixando o adeus no azul das águas do mar,

que cansadas, se acalmaram.

Tuas mãos não vieram,

junto com teus olhos, na ausência, se quebraram.

E, aquelas gaivotas companheiras do teu navegar,

também o barco abandonaram,

famintas adejam, esperando o alimento.

Na tempestade,

perdeste o rumo, o leme e o lume,

eu deixei de ter tuas mãos.

As gaivotas perderam um marinheiro,

eu extraviei o costume,

mas, elas de fome não morrerão.