NOITE DE LUAR
Em silêncio caminha a lua
na amplidão infinita do céu.
Livre das nuvens,
faz sua misteriosa viagem.
Nesta quietude, sussurrante o vento
segreda algo ininteligível.
Calmo... corre o regato,
enquanto aos ninhos recolhem-se as aves.
Em verdes campos mastiga o gado.
Crianças travessas brincam na grama
e os adultos conversam coisas triviais.
Quais lâmpadas elétricas
os cintilantes pirilampos
vagueiam *luciluzindo como
fagulhas d'astros.
Assim, diante de tanta sedução,
por que não se há de perguntar:
é sua caída - sim? Ó lua...
Ou estar à espera do seu amado?
Decerto, ninguém responderá.
Pois, nada mais belo
que a noite de luar no sertão!
Zilmar Pires
*(Coelho Neto, Sertão. p. 124).