NOITE DE LUAR

Em silêncio caminha a lua

na amplidão infinita do céu.

Livre das nuvens,

faz sua misteriosa viagem.

Nesta quietude, sussurrante o vento

segreda algo ininteligível.

Calmo... corre o regato,

enquanto aos ninhos recolhem-se as aves.

Em verdes campos mastiga o gado.

Crianças travessas brincam na grama

e os adultos conversam coisas triviais.

Quais lâmpadas elétricas

os cintilantes pirilampos

vagueiam *luciluzindo como

fagulhas d'astros.

Assim, diante de tanta sedução,

por que não se há de perguntar:

é sua caída - sim? Ó lua...

Ou estar à espera do seu amado?

Decerto, ninguém responderá.

Pois, nada mais belo

que a noite de luar no sertão!

Zilmar Pires

*(Coelho Neto, Sertão. p. 124).

Zilmar Pires
Enviado por Zilmar Pires em 10/06/2018
Reeditado em 23/06/2022
Código do texto: T6360486
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