ESTOU MUITO SÓ!

Estou muito sozinho e abandonado,

Sem sentir uma presença viva por perto.

As lágrimas me pegam, de soslaio,

E me vejo novamente em pranto!

Como gostaria que você não tivesse partido,

Ainda que doente, me faria mais sentido,

Se estivesses comigo e eu cuidando de você,

Como você sempre me disse que um dia seria assim!

Você tinha até mesmo um certo medo,

De depender de mim, pois de certa forma,

Eu nunca fui de cuidar de ninguém, nem mesmo de mim!

Todavia, contigo as coisas foram muito fora da norma!

Não consigo ficar muitos dias sem precisar de um trago,

Que me anestesie e me deixe sentir que estou flutuando,

Num mar de espinhos, todavia, pois não me sinto um mago,

Capaz de mudar destinos e me manter nadando!

Confesso precisar de ti agora, mais do que nunca!

Coisa nada perspicaz para um ser tão independente.

Contudo, confesso estar numa grande sinuca,

Que em nada colabora com minha confusa mente!

Que posso fazer, sem você ao meu lado?

Pouca coisa, que eu possa perceber!

Estou sempre buscando pela sua opinião,

Ainda que, às vezes, não a ouça, como sói acontecer!

Hoje, Bebeto de Freitas morreu, aos 68 anos!

Não poderia ter sido eu?

Já cheguei aos 70 e parece que ainda vamos,

Seguir um pouco mais, ainda que no breu!

Sinto-me enganado pelo destino,

Que preferiu você ao invés do angustiado!

Sempre procurei pelo desígnio do meu intestino,

Ainda que nunca fosse constipado!

Nada neste mundo é perfeito ou coordenado.

Tudo acontece por acaso e nascemos no país errado!

Se estivéssemos em outro, por mais frio que fosse,

Acharíamos uma maneira de encontrar o nosso doce!

Tudo hoje parece dar errado: a lei de Murphy impera!

O que era prá dar certo, vira uma fila de espera!

Infinita e levando toda vida, como acontece na prática:

A gente faz as contas, mas nunca acerta a Matemática!