Lembranças que o olhar *tateia adjacência,
perdidos caminhos da aurora infantil;
dos risos, dos beijos da doce inocência ,
às lágrimas primas do amor juvenil.

Lááá...no final da rua quase escondida,
a casa de estuque da minha infância
tombada ao tempo, sem e cor e esquecida,
encerram segredos e sonhos de criança.

Eu te exalto, ó minha rua querida!...
berçário de sonhos da tenra idade,
tapera com flores e manga espada;
a ti eu indago, chão da minha vida...

Por onde andarão uniformes e chuteiras,
cantigas de rodas, anéis e madrigais?...
Os banhos de chuvas nas altas biqueiras,
por que então se foram para o nunca mais?...

No breu do escuro e a janela fechada
ressoa um sussuro não sei d'onde parte
e escuto um lamento de voz resignada,
- Ó filho ingrato, por que me deixastes?...

Punhais dolorosos cravaram-se n'alma
e o coração amortalhou-se em prantos,
quem dera morresse na rua hoje calma
que outrora vivi minha infância de encantos

* sinérese
Poema hendecassílado