Inusual discurso

Inusual palavra tua boca oferta

qual navalha incerta, afoita e desonesta,

afeita a desatinos...

Há um discurso!

Rego as raízes das palavras.

Calo-me diante de teu desamor,

por outros, já enamorada,

como se nosso passado houvesse desistido de existir.

Há um coração magoado!

Tomba diante do descaso do teu,

antes só meu, mas que volta e meia

volta a machucar.

Inusual palavra essa tua que,

sem boca e nua, quase crua, me provoca,

como se o meu amor fosse alguma coisa

alguma troca inusual também,

tecido para se esquecer.

E entre frases sem palavras nós nos esquecemos

no torpe desalinho de nossos sentimentos,

como inusual amor que quis morrer...