Correndo pelas sombras e sem capas
Do início ao calço do final
somos quase sempre tão bons
completos dos pés ao coração
mas nem sempre, nem quase sempre
como um punhado de flores
cores, cores e cores
se embaralhando
perdendo o sentido
indiferente aos sentidos
determinados, determinando as rotas
marcando os passos de trás para frente
nunca o contrário
saímos na frente, tão lá no alto
a pausa é para o ar se comportar
nadando distante de águas calmas
é evidente a garra por tarefas maiores
tudo é tão pequeno com a chuva
espetando os dedos devagar
feito choro de bebê
entorpecendo as tardes
a fumaça dos cigarros
o cobertor dos cafés
quase sempre em silêncio
ilumidado pelo cinza da vida
dos dias claros de inverno
duas ou três palavras doídas bastam
toda a explosão se propagando
em rolos de sorrisos
essa admiração pragmática
de quem ama só de olhar