Continuamente desperto
Sonhei que caminhávamos, juntos,
Braços dados, com medo
Do que o caminho viria a mostrar.
Mas ríamos, porque apesar de tudo
Nossas presenças nos eram suficientes.
Então me abraçaste,
E nem teus trinta centímetros a menos
Abreviaram meu sentimento de proteção,
Onipotência.
Mas zangamos um ao outro, mesmo em sonho.
Desvencilhei-me, abrindo fuga, do abraço.
Fostes atrás de mim,
Como na vida não fora.
Em tempo de nos explicarmos e voltarmos
Ao caminho que seguíamos,
Desperto e tudo está perdido.
Desperto, lembro-me de nossa distância,
Das mágoas, do silêncio,
E sinto falta do de há pouco,
Do abraço e caminho,
Obras do delírio de um doente.