Continuamente desperto

Sonhei que caminhávamos, juntos,

Braços dados, com medo

Do que o caminho viria a mostrar.

Mas ríamos, porque apesar de tudo

Nossas presenças nos eram suficientes.

Então me abraçaste,

E nem teus trinta centímetros a menos

Abreviaram meu sentimento de proteção,

Onipotência.

Mas zangamos um ao outro, mesmo em sonho.

Desvencilhei-me, abrindo fuga, do abraço.

Fostes atrás de mim,

Como na vida não fora.

Em tempo de nos explicarmos e voltarmos

Ao caminho que seguíamos,

Desperto e tudo está perdido.

Desperto, lembro-me de nossa distância,

Das mágoas, do silêncio,

E sinto falta do de há pouco,

Do abraço e caminho,

Obras do delírio de um doente.

Charles WP
Enviado por Charles WP em 31/08/2018
Código do texto: T6435601
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