Sinto o ontem

Sinto o ontem como se fosse agora

como se esquecesse a demora

de me ter perdido.

Como se o tempo distraído

quisesse poisar eternamente

na palma da minha mão,

alheio à razão

de não mais me encontrar.

Esqueci-me propositadamente de te dizer adeus

de olhar os olhos teus

em jeito de despedida.

Derramei no encanto da penumbra

o teu rosto indistinto, descuidado,

em fragmentos desenhado,

para que em cada pedaço

estivesse um pouco de ti.

Foi então que visitei a janela

e dispersei-me nela

em busca do que viesse a seguir.

Isabel Fagundes

25/06/07