Mãe.
Lembro-me de você todos os dias,
ao ver canteiros de azaléias,
ao ver o pôr do sol,
ao sentir o perfume primaveril dos seus 57 anos.
Lembro-me de como foi fria aquela noite em que nos despedimos
e o quanto foi doloroso olhar pra você ali inerte,
fria e incomunicável.
Milhares de perguntas eu tinha em minha mente,
milhares de lembranças eu tinha em minha mente.
De nada adiantaria minha mãe,
pois eu não poderia mais dizer-lhe,
perguntar-lhe.
Fomos afastadas muito antes da sua passagem,
o tempo nos colocou em caminhos opostos,
as circunstâncias nos colocou em caminhos opostos.
Nos amamos a distância,
fielmente,
sem cobranças,
sem brigas,
sem desentendimentos,
sempre com respeito.
Como é lindo o amor entre mãe e filho,
com certeza o mais puro,
o menos exigente,
o mais tolerante
e também o mais inocente...