Tenho saudades de mim!...

Quando eu me olho no espelho,
Agora com a minha nova idade,
De mim mesmo eu sinto saudade…
Até quando eu vier a me sentir velho!
 
Os anos passam contra a minha vontade,
Enquanto observo as flores do meu jardim,
Por isso eu já sinto saudades de mim,
E por certo, isto não é por causa da idade!
 
A Alma que Deus me deu, já de longe,
Traz-me saudades sempre constantes,
De mim, hoje mesmo, são como dantes…
Que me fazem sentir como um Monge!
 
Eremita vou por entre tantas gentes,
O tempo passa sem o percebermos,
A saudade instalada nos meus termos,
Assentada foi em mim, pelo tempo entrementes!
 
Por isso eu canto em voz altiva, e altaneira,
A saudade de mim que eu tinha em outra era,
Tudo parece que não passou de uma quimera,
Tudo aquilo que eu vivi, durante a vida inteira!
 
Tenho saudade de mim o tempo todo,
Noite e dia, mas quando me olho no espelho,
Vejo em mim e cinjo o rosto do meu celho,
Do alto da glória ou da lama do meu lodo! 
 
Laborei em tempo findo as minhas fugas,
Escrevi memórias de um tempo já passado,
E hoje sinto saudade de mim aqui ao lado,
Quando olho no espelho, as minhas rugas! 
 
Sinto saudades de mim até quando sonho,
Viajo no tempo até à infância perdida,
Tudo me vem de repente, mesmo em seguida
Ao acordar deste pensamento tão estranho! 
 
E assim eu volto no tempo, na realidade,
A vida que já passou em frente a mim,
Não mais que num repente, eu sinto enfim…
Saudades de mim então ainda na tenra idade!
 
As saudades que eu sinto são apenas ilusão,
São todos os sonhos amarfanhados mal vividos,
A mais das vezes eu os tenho comprimidos,
Na minha Alma, quando ela solta a imaginação!
(IN: “POESIAS SOLTAS”)
De: Silvino Potêncio

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 26/11/2018
Reeditado em 28/11/2018
Código do texto: T6512642
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