SAUDADE
Assim como o orvalho
Que afoga tua rosa pura,
Vês em tuas pétalas resquício de amargura?
Toca e sente essa pétala que se afoga...
Afogas e enfloras outras rosas que agora
Fenecem sem ao menos morrer outrora?
Assim como a chuva que recai sobre
o mundo de um Deus,
Vê em teu mundo pedaços de sonhos,
Pequeninos pedaços de tempo, de si...
Se vão...
Como tu afogas essas pétalas e agora
Queres um pequeno coração?
Assim como o sol que reluz nos olhos do cético,
Volta para outros olhos que o amarão.
Toca e sente essa pétala que se afoga...
És em canção o ritmo e som daqueles que
também se afogarão...
Assim como o orvalho
Que afoga tua rosa pura,
Vê em todas as pétalas um pouco de azul...
Que do azul sentes falta e, sim, és falta!
Saudade que nomeia as rotas,
Saudade é uma pétala viva, morta...
És como o orvalho que afoga o corpo,
que preenche saudades...
Ah, afoga-me...
Afoga-me.
*Um dos poemas vencedores do concurso: "concurso nacional novos poetas 2016- poesia livre".