SAUDADE

Assim como o orvalho

Que afoga tua rosa pura,

Vês em tuas pétalas resquício de amargura?

Toca e sente essa pétala que se afoga...

Afogas e enfloras outras rosas que agora

Fenecem sem ao menos morrer outrora?

Assim como a chuva que recai sobre

o mundo de um Deus,

Vê em teu mundo pedaços de sonhos,

Pequeninos pedaços de tempo, de si...

Se vão...

Como tu afogas essas pétalas e agora

Queres um pequeno coração?

Assim como o sol que reluz nos olhos do cético,

Volta para outros olhos que o amarão.

Toca e sente essa pétala que se afoga...

És em canção o ritmo e som daqueles que

também se afogarão...

Assim como o orvalho

Que afoga tua rosa pura,

Vê em todas as pétalas um pouco de azul...

Que do azul sentes falta e, sim, és falta!

Saudade que nomeia as rotas,

Saudade é uma pétala viva, morta...

És como o orvalho que afoga o corpo,

que preenche saudades...

Ah, afoga-me...

Afoga-me.

*Um dos poemas vencedores do concurso: "concurso nacional novos poetas 2016- poesia livre".

Dylla Vicente
Enviado por Dylla Vicente em 04/12/2018
Reeditado em 11/03/2023
Código do texto: T6518500
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