E agora, Josemar?

E agora, Josemar?

A festa acabou,

A luz apagou,

Frank Wagner sumiu,

A noite esfriou,

E agora, Josemar?

E agora, você?

Você que é amigo,

Que é grande irmão,

Você que faz versos,

Que escreve, publica?

E agora, Josemar?

Está sem parceiro,

Está sem carinho,

Está sem discurso,

Já não pode beber,

Já não pode brincar,

Sorrir já não pode,

A noite esfriou,

O dia não veio,

O Wagner não veio,

O riso não veio,

Não veio a alegria

E tudo acabou,

E tudo fugiu,

E tudo mofou,

E agora, Josemar?

Sua doce palavra,

Seu amigo de sempre

Sua classe e humor,

Sua fortaleza,

O filho de Nildo,

O filho de Marlene,

A sua referência,

Seu luto — e agora?

Com o celular na mão,

Quer ligar pra Wagner,

Não existe Wagner;

Quer morrer no mar,

Mas o mar secou;

Quer ir ao Bistrô,

Bistrô não há mais,

Josemar, e agora?

Se você encontrasse,

Se você abraçasse,

Se você tocasse

Aquele iguatuense

Se você dormisse,

Se você sonhasse,

Se você chorasse,

Mas você não chora,

você é duro, Josemar!

Sozinho no escuro,

Qual bicho-do-mato,

sem ter companhia,

Sem um ombro amigo para se encostar,

Sem Frank Wagner,

Sem o seu suporte,

Você marcha, Josemar!

Josemar, para onde?

(Versão: Josemar Alves Soares)

Carlos Drummond de Andrade
Enviado por Josemar Alves Soares em 12/12/2018
Reeditado em 13/12/2018
Código do texto: T6524983
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