Saudade da Ilusão

Não falo do amor

que singelamente parecia ser para sempre,

tampouco dos amores

que ainda estão por vir.

Falo sim,

da perda, ausência e saudades

que esses amores deixam.

A perda da esperança,

a ausência de crença

e a saudade da ilusão.

Não falo dos amigos

simpaticamente efêmeros,

tampouco da conveniência de se ter um amigo

sempre ao seu lado.

Falo sim,

do tempo, remorso e saudades

que esses amigos deixam.

O tempo em que tudo parecia ser

suavemente feliz,

o remorso de não ter feito diferente

e a saudade da ilusão.

Não falo da infância

divertidamente passageira,

tampouco do universo inocente

que outrora habitava em mim.

Falo sim,

da enganação, rispidez e saudades

que essa infância me deixou.

A enganação de um mundo feliz,

a rispidez de infâncias conturbadas

e a saudade da ilusão.

Agora,

que a única coisa que resta em mim

são lembranças de quem outrora fui.

Enxugo meu rosto,

faço uma prece

permaneço lembrando, e me recolho.

Logo em seguida,

me calo.