Vai doer

O que me vai doer

De certo é a lucidez

A falta da loucura a dois

A noção de que partir é morrer

Diante dum fogo que não esgotou sua vez

E dessa saudade em rouca voz

Vai doer também a retidão

Essa rotina que deleguei aos desamados

Aos que jamais foram domados pela polpa

Vai doer apenas ser paixão

Quando distantes não há beijos dados

E que se lixe a culpa

Mas o pior de tudo

É o tempo se encravar na demora

É o corpo tinir embriagado de memorias

Sedento de voltar a ser teu mundo

Sedento de voltar a acalmar esse prazer que só chora

De quando meu corpo se entregava a tuas vitorias

O que vai doer

É adormecer sem o gemido com teu sotaque

Esses riscos de unha que me punham à tona

É não me chamares e eu vir a correr

Pra ser mártir em seu aleoado toque

Pra ser a entrega que te faz minha dona.

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 03/04/2019
Código do texto: T6614813
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