ONDE ESTÁS

ONDE ESTÁS?

Que é feito de ti amor?

Que casa habitas?

Onde moram os teus passos inseguros?

Onde encaixas os teus pensamentos impuros?

Onde repousas os teus medos mais puros?

Que cidade acolhe os teus braços rasos de saudade?

Que é feito das mãos que limpam as lágrimas?

Dos dedos que me acariciaram as mágoas?

Que lábios beijam agora os teus lábios doridos?

Quem come os teus frutos proibidos?

Quem cobre de caricias o corpo que outrora foi meu?

Interrogo-me, escrevo e chamo o teu nome em vão.

Bordei o teu cheiro no lençol da minha cama

No teto do quarto, nas tábuas do chão.

O teu perfume na almofada que te reclama

Engulo a saliva ressequida na garganta

É Abril primavera mas o frio e a chuva voltou

O amor escorreu-me dos dedos e tudo o vento levou.

O tempo está a expirar

…e tu sem regressar…

O teu silêncio enlouquece-me

Oculto os sentimentos mais íntimos debaixo da minha derme

A alma desgovernada como uma barcaça sem leme…

Que me adoce o coração rígido

O corpo frígido

A vista sodomizada

O corpo e a pele metamorfoseada

Metáforas inexplicáveis saem-me da boca e do coração

Uma loucura miudinha roça-me até á confusão.

Vem, aguardo o teu regresso nem que seja na imaginação

Natal, 23/04/2016

Maria Tecina

Maria Tecina
Enviado por Maria Tecina em 15/05/2019
Reeditado em 16/05/2019
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