Lago azul

Era tarde de domingo, a água calma

Na cachoeira da fazenda caia

E o monjolo o milho a quebrar

No lago azul que embaixo se formava

Peixes coloridos nadavam, parecendo

Com a beleza da natureza brincar

Eu, menino levado, parava e debruçava

Sobre a ponte para assistir ao memorável

Espetáculo, que me tirava da realidade

E me transformava em pura emoção.

Mas logo vinha minha mãe a esbravejar:

Vamos menino, temos muito que andar

O lugar onde pretendemos chegar ainda

Está muito longe, a chuva pode cair

É fim de tarde e não demora à lua brilhar!

Lentamente eu da ponte me levantava,

Batia a poeira e corria para alcançá-la

Naquela longa estrada, mas a imagem

Da cachoeira e dos peixinhos coloridos

À lembrança insistiam em ficar.

Depois de tanto tempo, aquela beleza

Em mim ainda persiste e toda vez

Que me aproximo dum riacho, ponho-me

A perguntar, por que, meu Deus, que

O espetáculo do cotidiano atirou-me

Na solidão dos que não sabem amar?

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 24/09/2007
Reeditado em 25/09/2007
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