Da alma de uma mulher

Eu via uma mulher no horizonte

E era minha essa mulher

De comportamentos vários e opiniões diversas

Quando momento de rir, ela chorava

No instante de chorar, ouvia-se o riso dela

Por entre as salas,

O riso de adeus sem nenhuma explicação.

Não havia em nossa casa alguma lamentação que fosse.

Ela sempre dava jeito ao tudo que faltava

Entre nós dois.

De tantas memórias,

Posso me lembrar dum mio de gato,

Do amor

Logo depois.

E eu olhava pra ela

E o espaço pouco dos olhos dela

Foi um vazio grande, que de tão grande

Não cabia dentro de mim.

Ternamente profundo

Aquele sorriso de alva,

De anjo dos céus

E diabo do mundo.

Dias a fio, perguntei ainda a Deus:

Por que ela chorou?

Minha mulher que nunca chora.

Sempre forte, lúcida e bela.

Foi em cima de mim que ela derramou

Suas únicas lágrimas

Gotas da alma dela.

Via dor nela.

Eu não sabia a razão

E mesmo hoje não descobri.

Me aposentei como homem

Sou igual a todos os demais

E não importa o que fizer

Nenhum de nós sabe

A plenitude da alma de uma mulher.