Encolhido

Desistidos e à deriva

De um acobertar

Ficam mais uma vez

As efetividades das

Razões restantes neste

Mecanismo obsoleto.

A pequena brecha

Supurou-se com

A acidez dos pensamentos

A se abrir completamente,

A se esvaziar até que

O mundo inteiro tenha provado

De seu hostil veneno.

Vozes se vão,

Seus ecos ficam

Como o lembrete

Que revive das cinzas

A face indistinguível

De uma culpa

Irresoluta e permanente.

Estas mudanças

Relevam o estranhamento

Que predomina o agora

Das coisas as quais

Eram tão ricas de certeza

Quanto a familiaridade

De um idoso lar natal.

Ainda sei de cor

Como fluem as sensações

De viver com

A fofura da luz

Cintilada na palidez

Enfraquecida e indisposta

Nas linhas de meu rosto.

Ainda sei quais são

As direções que

Me levariam para casa,

Mas quantos infortúnios

Estariam hoje como

Desafios autoconflitantes

Em todo o seu caminho?

Antes que tudo viesse

Com dúvidas tenebrosas

Que incapacitam

A minha habilidade

De protestar contra

Os idióticos e irrefutáveis

Argumentos do inevitável.

Após as ações

Terem desencadeado

As consequências

Em perfeita reação

Ao egoísmo de seu criador

Desiludido aos preços

Que evitara pagar.

Seu meio-termo

É canção cantarolada

Pelos sonhos que vivem

Entre as grades

Enferrujadas desta gaiola

De alicerce encolhido.

E o que está além

É a distorção natural

Que lhe furta a beleza

Que um dia seduzira

Os instintos a baixarem

A guarda ao perigo

De viver apaixonadamente.

Fazendo-me colher

Os frutos murchos

Do solo infértil

O qual plantei

Parte de mim

Em sementes que

Cresceriam a ter

A imagem a qual

Expectativas criaram-se

Às decepcionantes realidades.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 01/09/2019
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