Encolhido
Desistidos e à deriva
De um acobertar
Ficam mais uma vez
As efetividades das
Razões restantes neste
Mecanismo obsoleto.
A pequena brecha
Supurou-se com
A acidez dos pensamentos
A se abrir completamente,
A se esvaziar até que
O mundo inteiro tenha provado
De seu hostil veneno.
Vozes se vão,
Seus ecos ficam
Como o lembrete
Que revive das cinzas
A face indistinguível
De uma culpa
Irresoluta e permanente.
Estas mudanças
Relevam o estranhamento
Que predomina o agora
Das coisas as quais
Eram tão ricas de certeza
Quanto a familiaridade
De um idoso lar natal.
Ainda sei de cor
Como fluem as sensações
De viver com
A fofura da luz
Cintilada na palidez
Enfraquecida e indisposta
Nas linhas de meu rosto.
Ainda sei quais são
As direções que
Me levariam para casa,
Mas quantos infortúnios
Estariam hoje como
Desafios autoconflitantes
Em todo o seu caminho?
Antes que tudo viesse
Com dúvidas tenebrosas
Que incapacitam
A minha habilidade
De protestar contra
Os idióticos e irrefutáveis
Argumentos do inevitável.
Após as ações
Terem desencadeado
As consequências
Em perfeita reação
Ao egoísmo de seu criador
Desiludido aos preços
Que evitara pagar.
Seu meio-termo
É canção cantarolada
Pelos sonhos que vivem
Entre as grades
Enferrujadas desta gaiola
De alicerce encolhido.
E o que está além
É a distorção natural
Que lhe furta a beleza
Que um dia seduzira
Os instintos a baixarem
A guarda ao perigo
De viver apaixonadamente.
Fazendo-me colher
Os frutos murchos
Do solo infértil
O qual plantei
Parte de mim
Em sementes que
Cresceriam a ter
A imagem a qual
Expectativas criaram-se
Às decepcionantes realidades.