Horizonte da saudade
Parti mas não encontrei como esquecer-te...
Os sons que de ti me alcançam,
que acenam com o revoar de outrora,
se me apresentam com encanto outro;
difusos timbres e tons que avançam,
seguro prefaciar de uma nova senhora.
A "alva flor" que lá te enfeitava o chão
e que em minh'alma agora faz adorno,
ainda viça no jardim do tempo, regado
pelo arroio das lembranças mais doces,
e o coração a redesenha com o contorno
das utopias florescidas no teu torrão.
Meu olhar errante, já quase perdido,
debruça-se no horizonte da saudade
e lá, fulgurante como o sol nascente,
redescobre-te menina e adolescente,
embelezando tuas ruas e praças
com os sorrisos cordiais de tua gente.
Gente de esperança, de luta e de fé,
que de além terras, em ti aportaram
confiantes, e por teu acolher-lhes
no regaço úmido de tuas possibilidades,
multiplicaram aos cêntuplos os sonhos
e as utopias delineadas em tuas verdades.
Tudo em mim celebra tua lembrança,
tua presença sem fronteira e sem confins.
Submerso na saudade de ti, criança,
revisitando múltiplos dons e prazeres,
resgato, de teus anos dourados,
a fragrância de cada buquê de amor,
... nos rostos que de lá amar me destes,
... nos campos que me vestistes com verdes vestes,
... nas carícias que me ofereces neste novo albor.