acácia-amarela
Desejaria eu plantar
acácias douradas
como o sol
no teu peito cantante
durante
a tarde
que viria
para abrandar
o desassossego
e que se movia
sob a hipotenusa
da brisa
rumo aos teus cabelos
e olhos
enquanto nenhuma
sentença
tua nascia
florescia
crescera
para colidir-se
contra os meus adjetivos
mais profundos
e mais ternos
e esquecidos
Quando se planta
uma semente
num solo arado,
a semente extrai
o significado
íntimo
da terra
e torna-se uma
árvore
quando o destino
decide
anular a tua queda
feito uma imaginação
que de
tanto energizar
os neurônios,
torna-se um fato,
desafiando
toda a ciência
Quando o desassossego
é um Colosso de Rodes,
sente-se uma
enorme vontade
de migrar-se
para uma epiderme
que acaricia
e que possui
um sabor
agridoce;
que acaricia
feito cabelos
dispersados
na ancestralidade
de uma necessidade
que sempre
existirá
e que se batiza
com esta sensação
universal:
saudade:
encontro além átomo,
ainda que tudo
torne-se
quântico
na despedida
mais do que certa
de dois corpos;
ainda que com isso
haja a perdição,
não no sentido
infernal
punitivo,
mas da alma
de quem ama
ou de quem
estava amando
e que nada teve
como
retorno:
sequer um sorriso,
sequer o remover
da indefesa
Desejaria eu parar-te
e ao mesmo tempo
te ver partir,
porque tu
não mereces
o meu nada ofertado
nem a minha soledade
rochosa
de estalactite
que um dia
cairá
e me
atravessará
Tu mereces as coisas
que já não
me habitam;
tu mereces
o terreno que permite
o futuro nascimento,
e eu sou aquoso
em profusão,
e me deixaria
evaporar nos teus braços
loucos
para me fundir
em teu aroma
que um dia se
distanciará
junto
com o teu corpo,
junto
com o teu modo
distinto
de ser:
porque a vida
é um poema
em linha reta