SAUDADE

Saudade é coisa que doi,

Que maltrata o coração,

Atinge bem fundo o peito

Que se vê na contramão,

Nos faz ser tristes com a vida,

E desperta em nós solidão.

Saudade é um sentimento

Que não merece perdão,

Quando ela vem de repente,

Feito brisa ou furacão,

Ela abre em nós um buraco

E tira de nós qualquer chão.

Saudade é dor ardilosa

E sabe tão bem ferir,

Apunhá-la o peito que roga

Para de dentro dele sair,

Porque quando em nós se aloja

Só lágrimas nos faz engolir.

Saudade é muito invasiva,

É sorrateira e valente.

Ela não abre espaços,

Em nenhum canto da gente,

Pra que nós esqueçamos, de fato,

Que um dia estivemos contentes.

Saudade é nome de guerra

Que joga soldado por terra.

Saudade é luto sem causa,

Que entristece corpo e alma.

Ela transforma em pedaços

Emoções que sentimos bem alto.

Saudade é a morte da vida

Que um dia foi bem vivida.

É a falência de um prazer

Que não mais vai acontecer.

É a agonia da separação

De tudo que alegrava o coração.

Contudo, não sendo injusta,

É preciso também refletir,

Que, se a saudade machuca,

É ela quem nos faz descobrir

Que os corações, em loucuras,

Na vida souberam sorrir.

Que estejamos todos nós

Sempre muito preparados

Pra vivermos bem plenos a vida

Até sermos afogados

No prazer e na euforia

Dos sonhos realizados,

Para, quando chegar o dia

De partir o riso que nos invade,

O nosso peito se inunde

Da dor que se chama saudade.

Nara Minervino
Enviado por Nara Minervino em 17/12/2019
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